domingo, 20 de outubro de 2013

O menino que enviava bilhetes

Com um exemplar do livro "Cidades de Papel" nas mãos, decidiu não tomar mais atitude. Uma amiga havia dito recentemente: "Você tem que receber bilhetes, não enviar". Até concordava. Havia uma força motriz, no entanto, impelindo-o a assumir as rédeas como num ato contínuo (ou falho). Carência. Depois, nem sabia, era um líder nato, ainda que essa natureza servisse para puxar o próprio tapete o tempo inteiro. Decidiu não mandar mais nada. Deixaria tudo nas mãos do destino ("deixo de ser 'gente que faz'?", ponderou). Isso tudo até avistar, na diagonal, mais alguém para receber seu nome e número de telefone, além de dois pontos e fecha parênteses para a devida chave de ouro.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

17 anos e fugiu de casa

Nicho de mercado

Não fui convidado para jogar este jogo
Ninguém foi…
Embora, até ontem, fosse acaso do destino
Hoje ficou iluminado pela luz no tabuleiro
Na semana passada substituí o R por outro R
Enfeitei seu jardim
Entrei na sua casa
E dormi na sua cama
Ao tentar pavimentar tais labirintos
Retirando das minhas entranhas
Tudo que pudesse entreter
Fui e voltei no tempo
Sempre programado para não falar mais
E eu ouvia…
Eloquente e espirituoso
O que me agradava ouvir
Na marcação dos “x” as datas nas quais eu veria
Num conjunto multifacetado onde você perguntava
“Quando vou te beijar de novo?”
Como se eu fosse um ídolo…

Eu não sou seu amigo

Vocês se acertaram. Que bom! Para falar a verdade, não sei onde anda minha cabeça. Mentira. Quis falar difícil, esmigalhar as palavras. Pena, elas voaram, subiram nas minhas asas e pegaram fogo quando nos aproximamos do céu. Lembro quando a gente comeu bergamota e ficou lagarteando sob a luz do sol, supondo inocentemente que tudo era doce como a fruta. Mordi um gomo podre, outro seco. Tinha certa desconfiança a contar da casca, levemente machucada, como se tivesse sido deliberadamente jogada no chão. Lembro quando passou a mão pelo meu rosto. Sutil. E eu explodi em fogos de artifício arteriais naquele momento, ciente da plenitude do estopim.