quarta-feira, 31 de julho de 2013

A falha no plano

"I just don't know what to do with myself..."

Deixe no meio da rua
No meio da lista
No meio da régua
Sem medida

Deixe no meio
Fio
Feito
Falso
Passo

Rumo ao meio
Do nada
Dilema

terça-feira, 30 de julho de 2013

Serendipity

Do inferno astral 2012

Há momentos em que não sei para onde tudo vai. Pelo ralo? Contemplo mil pensamentos, não chego a conclusão alguma. Quero ler, ir até a piscina. Dançar, mudar de emprego, comprar roupas, utensílios domésticos e montar um quebra-cabeça. Lavar roupa, fazer comida, arrumar a casa (mesmo que ainda não seja a minha), andar de bicicleta, tomar um sorvete, beber até cair, namorar, passar café e enfeitar um pão francês quentinho com manteiga. O intuito não é fazer sentido, nem sequer ter ordem. Uma lógica. Cantar a plenos pulmões, tomar vitamina C, colágeno. Fazer um check-up, escrever um livro, ler mais, fazer um curso. Ganhar dinheiro, ficar em silêncio, alugar um apartamento (pode ser apertado), assistir seriados, ir ao cinema, descobrir um nicho e colher os frutos, expandir meu vocabulário, dar meu telefone, algo radical, algo proibido, de algum jeito, em qualquer lugar.

Acréscimos, continuação, devaneios pré-quase-aniversário etc.:

Quero...

...conseguir ler no ônibus, ser publicado, gravar um CD, fazer um show, andar completamente desligado do mundo externo, aliar faturamento ao labor prazeroso e instigante, pular corda. Conhecer alguém e não me afobar. Ter primeiro, segundo, terceiro encontro e tempo para pensar. Construir. Plantar, colher. Falar com pessoas distantes, virar para todos, inclusive para o espelho, perguntar "como vai você?" e realmente me interessar pela resposta. Cavar mais fundo, aprender francês, visitar Porto Alegre, conhecer locais recônditos e lugares turísticos. Planejar meu aniversário, comemorar, escrever no compasso do insight/pensamento, fazer novas tatuagens, registrar (mais) momentos, não ficar paralisado perante qualquer tipo de dualidade, pular de asa delta. Honrar meu(s) talento(s), adornar meus defeitos e não parar de almejar - até para garantir mais disso tudo.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O quarto andar

Capítulo 2 - Eu caí do céu, você...

Encontraram-se na mesma noite. Rafael esperou Júnior perto da escada rolante da sorte, lá no andar correspondente ao trevo de quatro folhas. A tensão entre ambos, tão poderosa, formando espirais entre os olhares, inclusive os desviados para quebrar a sinergia estabelecida com tamanha brutalidade. Toda obra em uníssono com a mania junioresca de ter pressa. "Dane-se", pensou.

- A gente podia tomar uma ceva, que tal? - indagou Rafael.
- Eu topo. - disse Júnior.

Na noite carioca, o calor brotando das ruas, a carência exposta sob pouca roupa como argumento de independência, a pele levemente suada, mas não suor de ônibus lotado, mas sim aquele leve desprendimento de energia a fluir dos poros. A atmosfera é intoxicante. Os adjetivos espocam na cabeça de Júnior, tanto para qualificar a oportunidade como para idealizar aquele momento dividido com seu anjo.

- A melhor sudorese é a compartilhada. - comenta Júnior, afoito demais para conter seu entusiasmo.

Rafael sorri, satisfeito consigo mesmo, detentor de todos os prêmios de conquista, mas um anarquista quando o assunto é intimidade. Sorri porque não decodificou a mensagem, exceto no âmbito carnal. O sorriso é a máscara sedutora de alguém que não conhece companhia alheia para além de seus próprios desejos. Cresceu sozinho sob os olhos desatentos dos pais, atualmente separados. Da sua caixa de ferramentas, negação. É mais fácil estar ali bebericando cerveja e fisgando mais um. O resto vem depois.

Continua...

Não leu? Quer recapitular? O primeiro capítulo tá aqui!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A sucessora

Meu nome é Valdyrene. Com "y" mesmo, invenção da minha mãe, mas eu gosto, até que gosto. Ficou mais difícil aprender a escrever e soletrar, mas eu gosto, sim. Nasci preta, pobre, mas não espere pelo "puta" porque seria muita sacanagem. Na real é uma puta duma sacanagem, porque é a realidade. Até tive outra profissão, outra opção. Era cantora de karaokê nas comunidades aqui do Rio de Janeiro. Todo final de semana uma turnê pelos morros pra fazer a alegria do povo. O problema é que nunca me senti reconhecida. Neguinho não queria pagar, só sabiam de ficar pedindo entrada VIP. Palhaçada! Fora a inveja das Lucycreydes, Marinetes e Pauletes. Não me bastou uma adolescência sofrida, calçando 39, estudante bolsista, uma vara de tão magra, sem bunda, sem peito, sem nada? E, além de tudo, crente!

Aí resolvi mudar, fazer diferente, entende? Até canto pros clientes, eles gostam. É um lance sensual, saca? Agora tô mais ajeitadinha, peito cresceu, dou uma empinada com a bunda... ah, cansei de ser a Valdyrene cantora e decidi virar Valdyrene Surfistinha, só pra entrar na onda da colega que ficou famosa, quem sabe ser a próxima a escrever um livro ou até gravar um pornozão das Brasileirinhas. A gente tem em comum uma coisa muito básica, que é o lance do cara tirar a gente pra psicóloga. Pra esses eu canto, que assim largam do meu pé.

Beijos, vou atender!
Até a próxima.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rumour has it

Prazer, eu sou o Jeferson!

Já me chamaram de tudo
Bicha, veado e derivados
Ou até boiola, Bambi, o pobre cervo – estranho

Serviu para cicatrizes, não nego

Marcas profundas de incertezas
No caminho das diferenças
O papel de bode expiatório

Também já chamaram de lindo, TOP

Gostoso, gigante, um pedaço de mau caminho
E algumas mães e avós por aí dizem: que desperdício!

Engraçado, hilário, inteligente

Bacana, Zé Mané, gente boa
Misterioso, escrachado, bonitinho

E eu me perco, oscilo, grito

Pernalonga, Angelina, exótico
Bocão Royal, príncipe
Ou mais um na multidão

(certamente incompleto)


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O texto abaixo é da Lena Gino. 

Me chame do que quiser

Se parece ingênuo que eu acredite nas pessoas, que me chamem de tola.
Se parece impossível que eu queira ir onde ninguém conseguiu chegar, que me chamem de pretensiosa.
Se parece precipitado que eu me apaixone no primeiro momento, que me chamem de inconsequente.

Se parece imprudente que eu me arrisque num desafio, que me chamem de imatura.
Se parece inaceitável que eu mude de opinião, que me chamem de incoerente.
Se parece ousado que eu queira o prazer todos os dias, que me chamem de abusada.

Se parece insano que eu continue sonhando, que me chamem de louca.
Só não me chamem de medrosa ou de injusta. porque eu vou à luta com muita garra e muita vontade de acertar.
E foi lutando que eu perdi o medo de ser ridícula. de ser enganada, de ser mal entendida.
Perdi, na verdade, o medo de ser feliz.

Não me incomoda se as pessoas me veem de forma equivocada.
O importante mesmo é como eu me vejo…
Sem cobrança. Sem culpa. Sem arrependimento.
A gente perde muito tempo tentando agradar aos outros. Tentando ser o que esperam de nós.
Eu sou o que sou e não peço desculpas por isso.

No meu caminho até aqui, posso não ter agradado a todo mundo, mas tomei muito cuidado para não pisar em ninguém.
Sendo assim, me chame do que quiser, eu não ligo…

Porque eu só atendo mesmo quando chamam pelo meu nome, que eu tenho o maior orgulho de carregar.

domingo, 21 de julho de 2013

Quem nunca?

Repetição de padrão negativo de comportamento

Diga:
“Não vou, não posso…”

Mas apareça do nada

Para que eu exclame:
“Que surpresa, nossa!”

(De um lado: “sim, preciso de ti” / De outro: “sim, mantém-se o controle”)

Eu peço:
“Por favor, fica”

Mas vais sem pestanejar

Para que eu perceba:
“Sem sermos os mesmos, ainda somos os mesmos”

(De um lado: “a história se repete, é sempre assim” / De outro: “se eu ficar, vai parecer que pode me controlar”)

Eu não me deixaria levar por ressentimento ou culpa porque a análise permanece a mesma: um padrão interno de comportamento manifestado no exterior tende a se chocar com o sentimento, também interno e manifestado no exterior. E eu imagino a confusão que tais manifestações – repetição e sentimento – causam sem parar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mais vale um na mão...

Dá um teco?

Ainda não eram um casal, mas saíram para tomar um sorvete juntos. Escolheram um MC qualquer de Copacabana. Leonardo resolveu dar um pulo no banheiro para tirar água do joelho e Luciano permaneceu na fila para aguardar pelo atendimento. Em transe de sabores, sem saber qual sobremesa pedir, Luciano foi despertado por uma briga que invadiu o restaurante. Dois moleques gritavam da rua para um terceiro, já resguardado pela equipe.

Com a balbúrdia pseudo-controlada, Leonardo de volta e decidido a ficar numa casquinha básica, enquanto Luciano apostava em cartas maiores, um Top Sundae de caramelo. Ao perceber a discrepância, Leonardo brincou:

- Poxa, eu com uma casquinha e você com um baita sundae. Sacanagem!
- Mas você pediu, eu...
- Tô brincando!

Saíram do restaurante. Quase uma quadra depois, um grupo com figuras duvidosas, cerca de nove "parcerias", surge. Um deles solicita "um pouco" do tal super mega blaster hiper ultra sundae de Luciano, que tenta fazer a Egípcia. O solicitante, ao emparelhar, simplesmente pega o sorvete de um frustrado Lu, enquanto um feliz Léo segue lambendo com prazer sexual a sua humilde casquinha de creme.

Amante de Afrodite

Depoimento Aquarela

Eu quero mandar você pastar. Quero que pense que é pra você que eu tô falando, não importa o quê. Quero gritar aos quatro ventos, seja pela inflação do meu ego ou puro desprendimento, que tô flertando mais que comida com geladeira. Que o povo olha nos meus olhos e desce direto pro meu umbigo e, sim, pra exatamente onde você tá pensando agora. É contigo que eu tô falando! Porra, eu quero te dizer que meus lábios 'tão mais vermelhos do que nunca, em chamas, veneno e mel. E que eu não tô nem aí. Meu cabelo tá mais claro, culpa do sol. Tô pra fora, sensual. Não dizem que tudo acaba sendo filtrado pela libido? Pois é.

Antes que você pense, já te corrijo. Não tô me achando nada. Tô longe de espelhos, refletindo no mundo. Tô na minha, tô esperto. Faço charme, viro o rosto, mas tô é muito atento. Ainda hoje, fingi que não vi uma piscadela. Não tô desfilando, mas é lance de passarela. Longe de Narciso, amante de Afrodite. Se for para ser cadela no cio, que seja conscientemente.

Sensualizo a pé, na bike. Cada trajeto é uma onda ascendente de aventura. E tô sempre cantando. Acho que afinado, não sei. Às vezes gritando, sem dúvida. Várias canções pra você. Podem até desmentir o que tô dizendo, não me importo. Sigo alimentando tudo isso, a fera que salta dos meus olhos assim que começo a me movimentar. Se ainda não te falei, meu corpo tá mais quente, o suficiente para me fazer suar. Quero te contar que perdi meu óculos de sol, mas que assim fica mais fácil para os transeuntes enxergarem a miscelânea desmedida de verde, mel e toda cor que surgir nesta nova aquarela.

Não sei se disse tudo, se me fiz entender, mas chega, vou jogar Candy Crush.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Havoc

Esfarrapada

Eu digo que sinto nada
Se sinto nada, estou vazio
Tenho sangue quente, mas fico frio

É borboleta sem vida no estômago
Sensação de peso, desânimo
O sangue ferve, estrondo...
O sangue ferve, estranho...

Sinto muito

Água na nuca, pescoço
Pulsos e rosto
Tenho sangue quente, mas fico frio

Olhando para trás
Na mesa ao lado
Está aquela que disse...
Está a ilusão que diz...

Sinto muito

Desculpa esfarrapada
E o sangue ferve
Diante do castelo que ruiu

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O quarto andar

Capítulo 1 - É você que eu quero

Rafael é esforçado. A fim de pagar a faculdade, trabalha numa famosa loja de roupas de um tradicional shopping do Rio de Janeiro. Rapaz ousado, tem como hobby, pelo menos nos intervalos para o lanche, fisgar algum boy magia pelos corredores. Foi quando ele viu um moço distinto, lá no alto da escada rolante, a caminho (é o destino!), do seu andar. Não demorou a agir.

Pegou a colega pelo braço e tratou de pisar na escada rolante, de modo que seu alvo ficasse exatamente atrás deles. Ali, na escada da luxúria, descendo o andar e subindo a temperatura, deslizou seu braço direito para trás e tocou suavemente as coxas daquele ser enigmático enviado diretamente do quarto piso - o céu para alguns. "Oi?", pensou o tocado, mas nada fez, manteve a pose e o controle até alcançarem o primeiro piso.

Para Rafael, o jogo havia só começado. Queria mais. Para conseguir, decidiu tomar medidas extremas. No domingo, aproveitou o baixo movimento para invadir o quarto piso com estilo. Viu que seu pretendente estava ocupado e, ao ser abordado por outro vendedor, fingiu interesse em taças (de cristal, claro). Mas nem o brilho das peças era capaz de ofuscar o olhar penetrante do anjo mau do terceiro piso. Num ricochete, os olhares se cruzaram. "Que amor, meu alvo ruborizou", sentenciou a mente perversa de Rafa.

TRIM TRIM

- Loja de coisas frequentemente inúteis e sempre caras, Júnior, boa noite?
- Oi, eu fui atendido ontem por um rapaz assim, assim e assado.
- Olha, com essa descrição, só pode ser eu...
- Ah, então é você mesmo que eu quero!

Continua...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Repica, Renê!

Quem é ela, quem é ela?

Ela não se veste de forma inadequada, mas tem um ar à la loja de departamentos que pode ser diagnosticado à distância. É simpática, um deleite cômico para atendentes em geral. Casada com o Roger, cabeleireiro conhecido lá no Largo do Machado, não olha para os lados. Ele, um mestre com a tesoura, é famoso pelas suas mãos Fermento Royal ou Adubo, já que o cabelo cortado tende a crescer em tempo recorde e extremamente sadio.

Formam um casal admirável: não há porta que Roger não abra para sua donzela, nas mãos sempre uma flor para sua dama. Sem filhos. Casa própria, carro popular, estabilidade, ainda que o perrengue apareça vez que outra. Por trás de tamanha harmonia, jaz adormecida uma garrafa de refrigerante dois litros de sabor Uva.

Mas ela não sabe. Roger tece com capricho sua teia em forma de armário, sendo capaz, inclusive, de galantear rapazes enquanto faz compras com a esposa numa das lojas preferidas dela. Disfarça, dá um sorriso crispado, olha de esguelha. E vai embora perguntando, lá no fundo, o que há de errado em se enganar.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ligeiramente grávida?

Começou o dia às avessas. Ofereceu o assento do ônibus para uma suposta gestante. Obviamente, piada pronta, a mulher não estava grávida, mas ficou definitivamente fula da vida, disparando olhares 43 que deixaram muitos feridos no trajeto. Ao descer da condução, enfiou o pé direito numa poça d'água, fato observado com gosto pela falsa-futura-lactante, agora sentada na janela. Na esquina, quase é atropelada por um taxista apressado, na ânsia pelo último instante amarelo do semáforo.

Ao cruzar a rua, vê que um desafeto dos tempos de escola está se aproximando na direção contrária. E agora? Gira nos próprios calcanhares como numa dança maluca e se joga para dentro da farmácia da esquina. Fica ali arfando por alguns instantes e decide aproveitar o timing para se pesar. Como já bem entoou Julia Roberts em trecho de Uma linda mulher, "GRANDE ERRO". Cinco quilos a mais é para lascar a cara de pau da balança, o que cai em consonância com a mania de acrescentar molho madeira a tudo que prepara.

A missão impossível na farmácia, onde aproveitou o ensejo para comprar um chá diurético - "perca 1kg por semana" é a promessa da embalagem - e, com isso, ah, está atrasada. Pelo menos não é segunda-feira, é sexta e, calma, o dia já vai terminar. Ou pelo menos ela conta com isso.

Amém.

Uma catedral

Temporal

Ao chegar em casa, o portão foi aberto pelo guarda como forma de gentileza. Agradeceu, subiu as escadas, pegou a chave no bolso e tentou encaixá-la na fechadura. A chave estava torta. Desentortou o objeto e conseguiu entrar em casa.

Palpitava no ar, no tempo e no peito uma réstia de algo que é parecido, mas não é exatamente esperança. Pode-se dizer que é fruto de expectativas fundadas num mundo da fantasia, aquele onde os ideais são criados. Adentrou a porta à espreita de ouvir algo que denunciasse o que estava esperando, mas somente o som do Fantástico ecoava na TV. Caminhou lentamente até o quarto, reunindo dentro de si toda a tolerância à frustração possível e imaginável (no mundo ideal e real).

Não havia, de fato, um grande pacote do qual uma pessoa pode irromper com gritos de surpresa e euforia. Nada era tudo o que havia. Vazio. Templo de silêncio, quente do ambiente e frio de presença, embora seu rosto denunciasse um rubor, uma queimação que avermelhava seu peito, pescoço e rosto como num grande alagamento.

domingo, 7 de julho de 2013

Escorgitário

Para dizer que falei sobre o clima

Sou todo contradição
8 ou 80
Vulcão

Mas não gosto de muito frio
Muito calor
Aprecio meia-estação

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Conta mais

Quando eu tinha um Nokia 1220, achava que, quando da modernização dos tijolos para os atuais smartphones (a versão baby de um Samsung Galaxy já vale, não?), tudo estaria preenchido. Cada planilha com as lacunas devidamente organizadas, muito bem, obrigado. Pfff, hello!!! Eu tô é ralando meu rabo na areia deste Rio de Janeiro, tão doce, tão amargo, vaidoso e raramente essencialmente verdadeiro. Mas não tô reclamando, não.

Há poucos dias, uma amiga me disse que tinha dificuldades em se sentir batalhadora. Exclamei:
- Jura? Eu super me acho Xena, a Princesa Guerreira!
Ela riu. Acho que absorveu, internalizou. Que bom! Porque é bem isso. Ninguém aqui tá passando fome, mendigando, sofrendo torturas psicológicas ou físicas. Todo mundo amparado, graças a Deus. Isso, entretanto, não dilui a bravura pra tirar a bunda da cama, lavar o rosto e levá-lo pro MMA + UFC que a vida faz, sem piedade, diariamente.

Não tá fácil pra ninguém, mas a gente se diverte.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sinais vitais

Ainda existe o brilho quando cruzamos o olhar? Aquela intensidade de magia que denunciava para o mundo exterior que nossos corações pulsavam na batida do amor? Há brilho nos teus olhos? Há brilho nos meus olhos?

Os lábios seguem dizendo com verdade algo que se perdeu? O mundo parou, a estação passou. O que permaneceu? Nesse amontoado de perguntas, há respostas? Todas as perguntas, somadas, resultam em algo óbvio, desafirmam qualquer delírio ou se fundem numa questão de ordem suprema?

Ao invés de diminuir, a boca do funil vai aumentando e, durante essa transfiguração, como ficam as extremidades, como se paga essa conta? Agora que estou no caixa, rebobino as cenas e não há indícios de presença. Vai muito além do ceder: repousa naquilo que não se vê e, supostamente, na alquimia que somos capazes de realizar numa combinação de azul e verde indescritível. Da mistura surge o ciano? Um oceano de possibilidades ou cada cor busca outra para mudar de tom? No monitor o risco vai ficando mais fino.