segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Hipnose ou O brilho da agulha

Voos (retirada desnecessária do acento circunflexo – tchau, reforma ortográfica!)

Exatamente meia-noite e vinte quando ele olhou no relógio. Deveria estar dormindo, mas preferiu apanhar o objeto em cima da mesa do computador e verificar qual a probabilidade de cansaço para o dia seguinte. Era tarde, precisava trabalhar na manhã daquele dia que se iniciara há poucos minutos.

Comparado com o tempo do mundo, aqueles poucos minutos representados no celular em cima da mesa do computador estavam passando lado a lado com uma analogia. Aquela do hospital, na qual – ele lembra bem – pegava uma agulha e injetava em si mesmo tudo que julgava ter aprendido da última vez em que estivera naquela situação (ao contrário).


Esse espasmo repetido causado pela agulha que ele injetou em si mesmo poderia ser resolvido com uma cura supostamente simples. Algo antigo: magia resultante da união entre água, fogo e vento. E ele podia sentir aquela cura tão desejada bem próxima. O toque leve, mas arrebatador; os pêlos da nuca levantados em segundos; o velho e amado frio na barriga. Um beijo para imergir, queimar e voar – nada mais.

Ao tomar consciência de que o relógio em cima do computador parecia estar descompassado, que a agulha estava quebrada e que beijava o travesseiro, sentou-se na cama. Memórias brotando em cada poro e o segredo para tal sensação continuava intacto.

Ainda não era a hora…

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