quarta-feira, 19 de junho de 2013

Is this thing on?

O meu rosto queimou. Um calor espraiado a partir da extremidade da minha orelha esquerda até encontrar onda semelhante vinda diretamente do lado oposto. E eu exclamei: meu telefone vai tocar. Da sintonia fina, uma grande interrogação formada por milhares de versões menores dela mesma, intrínseca ao enigma, ou talvez óbvia demais para a credulidade imediata. É na distância que eu encontro o eco real e estimulante do meu próprio clamar? Na proximidade somos dois polos de igual carga que se repelem? Eu vou escrever esperando a sua leitura para assinar embaixo da construção de algo que não se sabe bem o que é?

Dois corpos de leite entrelaçados perante o espelho, na plena observação do encaixe perfeito, por que não nos devoramos (numa estrada de mão dupla) na totalidade? Será que deixando pela metade fica aberta a possibilidade do reencontro e reitera-se a vontade pelo fato de não haver sido completado o ciclo – sutilmente interrompido nas preliminares (ainda que na intensidade plena)? Faltou desejo, sobrou projeção? Sobrou desejo, faltou ação? Do gozo, a dúvida.

O meu hábito de acrescentar significado a tudo, seguido de perto pelos teus olhos atentos, sorriso de lado, permaneceu. E enquanto tu contemplas meu rosto, e retém o calor da minha pele nas entrelinhas, eu me (re)apaixono pelo fogo com que falas sobre assunto qualquer. Numa mutação, há amor sob a forma de açúcar, um bombom de sentido e, de novo, amor sob a forma mais usual de rosas. Sem espinhos, sem cabo, somente pétalas espalhadas, assim como as peças de um quebra-cabeça.

A minha cabeça, ora envergada por prazer, ora baixa pela dúvida, repassa cada momento. Ela tem ciência da noite singular, em quantidade e representatividade, claramente ligadas pelos seus inversos, e não oscila no que parece permanecer. Se na tentativa de acertar, mostrar ser diferente de quem era quando da primeira era de nós dois, qual a minha visão a respeito dessa desconstrução? Na sua auto-constatada falha em fazê-lo, de fato eu não vi quem devia ver, então, quem é você? O resultado é amor, ainda que banalizado de acordo com as regras de tempo, carência e sabotagem, somado à curiosidade. De um jeito ou de outro, a descoberta?

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