segunda-feira, 29 de julho de 2013

O quarto andar

Capítulo 2 - Eu caí do céu, você...

Encontraram-se na mesma noite. Rafael esperou Júnior perto da escada rolante da sorte, lá no andar correspondente ao trevo de quatro folhas. A tensão entre ambos, tão poderosa, formando espirais entre os olhares, inclusive os desviados para quebrar a sinergia estabelecida com tamanha brutalidade. Toda obra em uníssono com a mania junioresca de ter pressa. "Dane-se", pensou.

- A gente podia tomar uma ceva, que tal? - indagou Rafael.
- Eu topo. - disse Júnior.

Na noite carioca, o calor brotando das ruas, a carência exposta sob pouca roupa como argumento de independência, a pele levemente suada, mas não suor de ônibus lotado, mas sim aquele leve desprendimento de energia a fluir dos poros. A atmosfera é intoxicante. Os adjetivos espocam na cabeça de Júnior, tanto para qualificar a oportunidade como para idealizar aquele momento dividido com seu anjo.

- A melhor sudorese é a compartilhada. - comenta Júnior, afoito demais para conter seu entusiasmo.

Rafael sorri, satisfeito consigo mesmo, detentor de todos os prêmios de conquista, mas um anarquista quando o assunto é intimidade. Sorri porque não decodificou a mensagem, exceto no âmbito carnal. O sorriso é a máscara sedutora de alguém que não conhece companhia alheia para além de seus próprios desejos. Cresceu sozinho sob os olhos desatentos dos pais, atualmente separados. Da sua caixa de ferramentas, negação. É mais fácil estar ali bebericando cerveja e fisgando mais um. O resto vem depois.

Continua...

Não leu? Quer recapitular? O primeiro capítulo tá aqui!

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