terça-feira, 9 de julho de 2013

Uma catedral

Temporal

Ao chegar em casa, o portão foi aberto pelo guarda como forma de gentileza. Agradeceu, subiu as escadas, pegou a chave no bolso e tentou encaixá-la na fechadura. A chave estava torta. Desentortou o objeto e conseguiu entrar em casa.

Palpitava no ar, no tempo e no peito uma réstia de algo que é parecido, mas não é exatamente esperança. Pode-se dizer que é fruto de expectativas fundadas num mundo da fantasia, aquele onde os ideais são criados. Adentrou a porta à espreita de ouvir algo que denunciasse o que estava esperando, mas somente o som do Fantástico ecoava na TV. Caminhou lentamente até o quarto, reunindo dentro de si toda a tolerância à frustração possível e imaginável (no mundo ideal e real).

Não havia, de fato, um grande pacote do qual uma pessoa pode irromper com gritos de surpresa e euforia. Nada era tudo o que havia. Vazio. Templo de silêncio, quente do ambiente e frio de presença, embora seu rosto denunciasse um rubor, uma queimação que avermelhava seu peito, pescoço e rosto como num grande alagamento.

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